
Ursula Rösele
Há de florescer
Umas flores cismam
Se é água, se não
Se eu com elas falasse
Senão
Umas florescem, outras fenecem
É sábado.
Uma triste melodia goteja no ar
As fantasias, as fantasias
Rememoro narrativas, reinvento imaginários
A utopia da elipse, o virar da página
A hipocrisia de um tempo que não quer passar
Há flores que... se erguem
Outras não
As primaveras passam e segue inverno aqui dentro
Minha imagem envelhece
Fingimos, fingimos
Que mal há em falsear se o real me escapa sempre que olho lá fora
Sem lugar para a cena
Sem espaço
A-cena, aceno
Eu esvaio
Como algumas flores
Outras não
Despetalada, desinibida, desinformada
Sem forma
Disforme
Em silêncio, calada, cerro meus olhos
Os sonhos que outra sonha pra mim