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  • Foto do escritorUrsula Rösele

Poemar em desconjuntura

Tem uma coisa, sabe? Irritante, irritada

Quando a gente sabe o que falta, a gente fala o que quer

Mas a coisa para

O sonho dorme, a fala espera, a escuta desliza

Quando se desiste... meio fora da curva


Mas a gente vai achando que o desnível faz parte

Que o desfile prenuncia um projeto maior

Um esquema

Estrito, restrito, decupado


Quando o grito é solapado

O gozo não vem

Não diz, silencia


Algo soa estranho, sabe?

E se busca... olha em volta, querente da peça que falta

Do estranho que conjuga


A gente olha em volta, olha

Percorre os espaços, desconfia, retrai, contrai, até revolta

Ainda que consciente da respiração


Mas não desiste

E não sei por que


Há uma poesia patética na utopia

Um ridículo, atento ao póstumo que o redime


Fica ali, a esperar que o amor se avizinhe

Que de um olhar se (re) conheça

Perceba uma intensidade de alhures

Uma dimensão de um recomeço vindouro

Numa temporalidade esquizo

Ao som de uma dança demodê


Nas palavras que o entorno não entende

No riso que se busca

Incessante, quase corajosa


Empoderada


Suspeitando que solitude é bonito só nos versos

Na ideia

No porvir


Autoamor


Autoconhecimento


Alto lá


Pois, nem tão fundo assim, quer o a dois

O e A quase cacofônicos

Dessa estranheza que pode até funcionar


O desejo

O fogo

O voraz


O delírio do tempo extradiegético


O cangote

O cheiro

O orgasmo

O toque

O sorriso complacente


O riso...

O riso

Sorriso

Gargalo

Gargalhada


A boca

A voz

A doçura

A maçã do rosto

A primavera


A mar

O mar


Saber-se ridícula(o)

Unicidade

Dualidade

Dupla

Patética, eu

Das cartas ridículas de outrora


D´um tempo novo

Que passa

Daquela frase sem lugar

Vai passar, sô


Mas não passa


A estribeira que se perde

Na beirada

À beira


Vejo uma flor no para-brisa

Penso: vai voar

E o carro passeia, e a flor continua

Presa não

Ali

A me olhar

Me vê

Sorri

Sorrimos


Acredita

Veio florir o ‘inflorível’

Veio nascer o neologismo


Em busca de palavras jamais escritas


De um novo tempo


Do alento


O alento...


Se achega, vai.


E vamos

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